QUANDO DEVO PROCURAR UM MÉDICO?

A ida a um consultório médico é mandatória quando se está apresentando algum sintoma que possa representar uma doença, seja de ordem física ou emocional. E quanto mais precoce for, melhor. O médico (e não a Internet ou a vizinha) poderá avaliá-lo para diagnosticar e ofertar a melhor abordagem terapêutica para sua saúde (ajuste alimentar, exercício físico, remédio, vacinas, cirurgia, fisioterapia, psicoterapia, entre outras possibilidades), podendo ser ele o responsável pela prescrição ou encaminhar a um profissional especializado na conduta que precisa ser tomada.

É de costume que os pais levem as crianças pequenas ao pediatra periodicamente. Após as crianças crescerem, acaba-se entrando num hiato de idas ao médico, onde só se procura um profissional quando se está doente ou, eventualmente, para uma orientação de saúde.

Tão importante quanto procurar um profissional da área da saúde quando se está enfermo, é ir em boas condições de saúde para fazer avaliação preventiva ou de diagnóstico precoce de enfermidades que já podem estar ocorrendo sem se perceber. Muitas doenças potencialmente graves iniciam com sintomas pouco característicos ou com sinais que não são percebidos pelo paciente. E existem doenças que no início não têm sintomas.

A pressão alta pode ter, como primeira manifestação, um “derrame” cerebral ou um infarto cardíaco. Porém o indivíduo já poderia estar com esta hipertensão há muitos anos, sem sintomas, não tendo sido diagnosticada pois não tinha aferido a pressão. Assim também vale para o diabetes, muitas vezes silencioso, diagnosticado apenas com exames de sangue; cânceres e outros problemas de saúde. De forma didática, eu digo que estas doenças são como cupins na madeira…. quando se percebe já pode ser tarde demais.

Numa consulta médica, uma boa história clínica coletada e um bom exame físico são suficientes para detectar problemas que podem ser tratados sem a necessidade de exames complementares adicionais. Existem outras situações em que estes métodos diagnósticos são importantíssimos, principalmente se ainda não manifestaram sintomas. Muitos exames podem ser indicados, de forma periódica, para diagnosticar precocemente enfermidades que, quanto antes detectadas, mais fácil serão as terapêuticas, com maior probabilidade de  cura e restabelecimento da saúde. São exemplos a colonoscopia (detecta câncer de intestino), mamografia (para o câncer de mama), tomografia de tórax para fumantes ou ex fumantes (para câncer de pulmão), preventivo Papanicolau (para câncer de colo de útero), densitometria óssea (para osteoporose), exames laboratoriais para diagnóstico de problemas hormonais, diabete melito, problemas renais e hepáticos, etc.

A partir dos 35-40 anos se sugere uma avaliação clínica para já programação de cuidados à longevidade, conforme as necessidades de cada indivíduo.  Alguns precisarão fazer consultas mais de uma vez por ano, outros a cada dois anos. Não há como estabelecer uma regra. Cada um é único com suas peculiaridades e particularidades.  A comparação que farei pode até ser ruim,  mas ajuda a exemplificar isto que estou falando: assim como levamos o automóvel para revisão antes de viajarmos, devemos “nos levar” para o médico para este fazer uma avaliação do nosso corpo, periodicamente. Conforme a idade vai aumentando, ou se a pessoa possui doenças que precisam de tratamentos contínuos, a periodicidade das consultas deve ser determinada e planejada. Não existe uma regra para cada pessoa, mas de forma geral, uma consulta anual para indivíduos saudáveis deve ser realizada a partir dos 50 anos.

O médico geriatra é um profissional altamente capacitado para o acompanhamento do indivíduo que está envelhecendo. Para a sua formação, além dos seis anos do curso da faculdade de Medicina, necessita de mais dois anos de residência médica (especialização) em Medicina Interna e após mais dois anos de outra especialização (Geriatria). Além de uma avaliação global do seu estado de saúde, orientação quanto a prevenção de doenças, ele está capacitado para o tratamento das diversas afecções que podem acometer um indivíduo idoso, sendo considerado o “médico do idoso”, assim como o pediatra é o da criança.

Ao ir a uma consulta médica, é importante:

  1. Levar um documento com foto e, caso o atendimento seja por convênio, a carteira dele.
  2. Se achar necessário um acompanhante, convide-o para ir junto, podendo ou não participar da sua consulta. Quem decide isto é você!
  3. Se usa prótese auditiva, prótese dentária, óculos, bengalas ou outros acessórios que ajudam a sua saúde e funcionalidade, esteja com eles.
  4. Muitas pessoas ficam ansiosas estando diante de um médico e acabam se esquecendo de relatar ou de perguntar coisas importantes que queriam ter abordado. Para evitar isto, previamente, faça uma lista de assuntos que não podem deixar de ser abordados e esteja com ela durante a consulta.
  5. Leve junto seu histórico de saúde (prontuário médico, relatórios, exames prévios, receitas e sumários de alta de internações). Eles contém informações importantes para sua atual consulta.
  6. Eu gosto que o paciente leve a sua “caixa de remédios”. Peço sempre para que traga todos os remédios dos quais faz uso e, que junto a estes, estejam aqueles da “farmacinha de casa” (aqueles fármacos que eventualmente se toma por algum sintoma). Por que acho isto muito importante? No momento que pergunto o que o paciente toma diariamente e como o faz, muitas vezes, por serem nomes difíceis, podem faltar informações importantes, como dosagens e nome correto do medicamento. Além disto, devido a muitas vezes os idosos usarem remédios de uso crônico, não é incomum que haja erro de remédios, como por exemplo, tomarem o remédio em horário errado ou mais de um remédio igual, por terem nomes “fantasia” diferentes mas terem o mesmo princípio ativo. Além disto, é importante avaliar como o paciente está usando, se sabe manuseá-los direito, olhar o prazo de validade e orientar quanto a cuidados de conservação e armazenamento. Não devem ser levados fármacos que devem ser mantidos em geladeira. Quanto à “farmacinha”, é de muita utilidade visualizá-la, para ver se lá não existem substâncias que não devem ser usadas, por serem inadequadas para este paciente, por mais que muitas vezes o idoso as considere, por desconhecimento, inofensivas. Remédios para enjôo, vertigens e tonturas, analgésicos, antiinflamatórios, soníferos, fitoterápicos, podem ser “grandes venenos” para saúde se não forem bem orientados e, muitas vezes, podem ser até contraindicados. Além do mais, podem estar em mau estado de conservação ou com prazo de validade vencido.  Se o paciente não deseja levar sua “caixa de remédios”, anote pelo menos os nomes em um papel, um a um, a dosagem (geralmente em miligramas) e quantas vezes ao dia está ingerindo. Também anote os que possui na “farmacinha”.
  7. É de extrema importância relatar quais são os remédios que já fez uso e que não tiveram uma resposta adequada, seja por um efeito colateral ou uma alergia. Isto evita que o médico corra o risco de prescrever uma medicação que seu corpo já não aceita.
  8. Vá com roupas e calçados confortáveis que sejam fáceis de serem retirados e colocados. Esteja sempre utilizando uma roupa íntima (sutiã, calcinha, cueca).
  9. Evite ter fumado ou ingerido alimentação pesada antes, pois podem interferir na medida da pressão arterial.
  10. Jamais vá alcoolizado ou sob efeito de entorpecentes.
  11. No dia da consulta, não deixe de ingerir seus remédios de uso diário. Isto é importante para o profissional avaliar se o que está tomando tem efeito desejado. Por exemplo, se você faz tratamento para pressão arterial e não toma os remédios no dia da consulta, provavelmente ela estará alterada, e ficará a dúvida se é porque não ingeriu a medicação ou se esta estava em baixa dosagem. Em contrapartida, se você tomou seus remédios corretamente e o médico mediu um valor alto da pressão, terá certeza de que precisará ajustar a dosagem, acrescentar outro ou substituir o que está sendo usado.
  12. Se você faz uso de algum aparelho de aferição de algo de sua saúde (como por exemplo, aparelho que mede a pressão arterial), leve-o junto e mostre ao médico. Ele poderá avaliar se é adequado e se está funcionando corretamente, comparando-o com o dele.
  13. Não se sinta constrangido em perguntar suas dúvidas e de pedir ao médico explicar novamente alguma situação falada que não ficou bem compreendida (receita, dosagem da medicação, orientações, requisições, encaminhamentos, retornos e acompanhamentos). Jamais se esqueça que o profissional está ali para lhe ajudar. Se achar que corre o risco de esquecer alguma informação, anote-a, quando está no consultório mesmo, durante a consulta.
  14. Antes de sair, combine com o profissional sobre os planejamentos preventivos e terapêuticos de sua saúde, periodicidade de retornos e acompanhamentos. Informe-se que hospitais este profissional atende caso necessite um dia de alguma internação.