ESTIMULANDO A MEMÓRIA DO IDOSO

Muitos idosos apresentam diminuição da memória com o envelhecimento. Quem nunca se deparou, durante um diálogo, querendo falar sobre um fato e não recordando do nome de uma pessoa, ou que foi até a cozinha e, ao chegar lá, não se lembrou do que foi buscar? Eventualmente, estas situações não trazem tamanha preocupação, mas devem ser observadas e, muitas vezes, requerem avaliação especializada para ver se esta condição pode ser secundária a alguma doença que afete isto, como o Alzheimer.

Para ajudar a termos uma memória ativa, aqui vão algumas orientações que devemos ter como hábito:

  1. Exercício físico regularmente;
  2. Alimentação adequada, com frutas, legumes, sementes, grãos e carnes magras. Evitar embutidos, frituras, gorduras, açúcar e alimentos industrializados;
  3. Boa hidratação do corpo, com adequado consumo de água;
  4. Não fumar;
  5. Não ingerir bebida alcoólica;
  6. Boa noite de sono;
  7. Praticar atividades de lazer, como caminhadas, jogos, rodas de conversas, atividades em grupos e em família;
  8. Evitar automedicação e medicações que afetam a memória (como os “tarjas pretas” para dormir);
  9. Leituras.

Dicas para aprimorarmos nossa memória: (Importante: as atividades só serão benéficas se forem prazerosas e do interesse do idoso, caso contrário, acabam sendo monótonas, cansativas e frustrantes).

  1. FOTOGRAFIAS

Quem não tem lindos álbuns, repletos de fotografias que contam muito da história da vida e da família? Momentos alegres que trazem sempre boas recordações.  Sua memória melhorará se utilizá-las de forma mais aprofundada para isto.

Pegue uma fotografia em que aparecem pessoas e que se possa identificar local ou ocasião em que foi tirada. E a partir daí, faça o seguinte exercício (o ideal é estar junto com alguém para conversar e dialogar sobre isto, mas se não puder, pegue um papel e lápis e escreva):

– Quem está nesta fotografia? (p. ex.: eu, minha esposa Luísa, minha nora Adélia e meus filhos Luciano e Otávio).

– Em que local foi tirada? (Na festa de casamento de Luciano e Adélia – ela está vestida de noiva).

– Onde foi? (Na igreja Catedral – há um altar aparecendo na foto).

– Quando foi? (Em 1985 – um dado que não está na foto, mas que precisou da minha recordação).

– Como foi o casamento? (Foi lindo. Era uma noite estrelada de verão. Estávamos todos muito felizes, o padre fez uma cerimônia muito emocionante, falou da importância da constituição da família. Após fomos até a festa no clube da cidade, onde todos jantamos e dançamos até altas horas da madrugada. —- estes dados não estão na foto, necessitaram da lembrança da data).

-Além de nós, quem estava neste casamento? (um dado que já remete a outras lembranças da situação, não contidas na imagem — Amigos de Porto Alegre, sobrinhos, todos meus irmãos e os colegas de faculdade de Luciano).

– E a partir deste fato (casamento de Adélia e Luciano), pode-se fazer diversas perguntas para se buscar memórias: “Onde eles passaram a lua de mel?”, “Que carro tínhamos naquela ocasião?”, “Quem era o presidente da República naquele ano?”, “Em que casa morávamos?”, “Onde Luciano e Adélia foram morar?”. Pode-se buscar situações relacionadas aos eventos e com as situações do cotidiano daquela época. Ou seja, tudo que possa estar relacionado com aquela imagem ou seu período.

Muitos idosos, principalmente os que apresentam problemas de memória, apresentarão lembranças mais vívidas de episódios ocorridos há muitos anos que em situações recentes (como p. ex., no último Natal, há seis meses). Assim sendo, é importante que, se utilizarmos fotografias para estimularmos a memória e as lembranças, deve-se alternar entre episódios recentes e remotos, e sempre ter calma e paciência para o idoso lembrar. Deve ser uma atividade lúdica e não algo que pressione o indivíduo a ter recordações. Pode-se dar algumas dicas para ajudar a memória. (exemplo: Pai, veja a Adélia, ela está vestida toda de branco e estamos na frente do altar. O que você acha que foi este momento?)

  1. PALAVRAS CRUZADAS:

O uso deste recurso pode ser muito útil para o idoso, ainda mais se utilizar não apenas como um passatempo, mas como uma forma de aprendizado ou de memória de vocabulário.

Para isto, o ideal é ter 3 iguais. Veja o porquê.

Primeiro faça uma página do livro de palavras cruzadas. Preencha primeiro as palavras que sabe, após preencha as outras palavras que acabou descobrindo a partir das dicas das letras já colocadas em outras palavras e, por fim, veja as que não sabe, olhando no gabarito do livro e preenchendo toda a página.

Segundo. Leia com atenção toda a página que completou. As perguntas e suas respostas. Como se fosse um estudo.

Terceiro. (É a partir de agora que começa a ficar interessante para a memória.)

Pegue a mesma página de um segundo livro, estando não preenchida, encontre as perguntas que previamente não sabia, e complete com as palavras que aprendeu. Após termine toda a folha. Leia novamente. Estude. Tente memorizar.

Quarto. Dias depois, pegue uma terceira folha em branco (terceiro livro) e tente fazer toda ela. Pode ser até fazendo primeiro todas as palavras que sabe e, caso fiquem palavras ainda que não tenha memorizado, primeiro tente completar a partir das letras que já estão escritas nas cruzadas para somente após, caso não consiga, buscar no gabarito a resposta.

  1. LEITURAS

Ler faz bem ao cérebro. Para ajudar na memória, pegue um livro que conte uma história. Leia algumas páginas por vez. (Não tenha pressa em terminar o livro). Após, feche o livro e conte (pode ser falando para si mesmo, para alguém ou escrevendo) sobre o que leu – nomes dos personagens, local que ocorre o enredo, o que aconteceu.  Se tiver palavras desconhecidas, procure o significado no dicionário e anote-as. Num outro dia, quando for continuar a leitura, antes de abrir o livro, procure lembrar-se da história e de seus personagens.

Ao terminar o livro, pegue um caderno e escreva um resumo ou uma resenha sobre o texto. Guarde. Tempos depois, leia o título do livro e puxe da memória o que se recorda do livro.

  1. PARA LEMBRAR NOMES:

Guardar nomes é difícil para todos. Quem já tinha dificuldade na juventude, não pode se cobrar na terceira idade. Vai continuar tendo ou será até mais intensa.

Ao ver revistas, jornais, fotografias, assistir programas de televisão ou jogos, diga o nome das pessoas que aparecem, podendo ser em voz alta ou mentalmente, a fim de estimular a memorização de nomes.

Tente associar nomes das pessoas com palavras que façam lembrar o nome com alguma situação (por exemplo: Adão – maçã; Leonardo – cantor sertanejo; Maria – mãe de Jesus).

  1. MÚSICAS.

De forma lúdica, podendo ser feito com várias pessoas, coloque uma música para tocar e no decorrer dela, pause e continue cantando a canção a partir daí, nem que seja apenas o final de uma frase. Como por exemplo, na música de Roberto Carlos: “Eu tenho tanto para lhe falar, mas com palavras, não sei dizer (pausa na música)… COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ.”. E quanto mais continuar cantando, melhor.

Outra forma é prestar atenção na letra da música e após dizer sobre o que falava a canção.

Por fim, colocar o som instrumental como um karaokê (disponível facilmente no Youtube ou em programas de busca da internet) e cantar.

  1. INFORMÁTICA:

Hoje a tecnologia pode ajudar muito na atividade cerebral. Aprender a mexer num celular novo, jogos de internet, comunicação com amigos distantes através de redes sociais, sites culturais, tudo isto pode ajudar o idoso a fortificar sua memória e fortalecer seu aprendizado.

  1. APRENDER COISAS NOVAS A PARTIR DO QUE JÁ SE SABE.

Aprender um ponto no croché, vocabulário de uma língua, receitas culinárias, tocar músicas até então não aprendidas num instrumento musical, são oportunidades que ajudam o idoso a manter-se mentalmente ativo.

  1. UMA NOVA RECEITA.

Se gosta de cozinhar, faça um prato diferente. Siga as etapas.

Primeira. Escolha a receita que desejar fazer. Não há necessidade de ser complicada ou com muitos itens. Vá ao mercado e compre os ingredientes. Se possível, vá ao mercado APENAS para comprar o que usará na receita, nada mais.

Segunda. Faça o prato, tal qual a receita, seguindo seus passos, lendo-os.

Terceira. Num outro dia, repita a receita. Mas da seguinte forma: antes de pegá-la, anote em um papel o que você recorda que usará para fazer este prato. Compare com a receita, para ver se está tudo certo. Após vá ao mercado, compre os ingredientes e faça o prato, olhando as instruções.

Quarta. Ao fazer pela terceira vez, além de tentar recordar dos itens, ao preparar a receita, leia-a uma vez antes e procure fazer sem precisar olhar mais as instruções. Isto vai ajudar a estimular a memorização. Se precisar, dê uma “colada”, mas tente forçar sua lembrança. E bom apetite!

Você pode utilizar esta técnica para fazer artigos de croché e tricô. Siga os passos de uma revista, compre as linhas ou lãs, faça tal qual é orientado. Após, vá tentando fazer sem precisar olhar na revista.

  1. ATIVIDADES COM CRIANÇAS

Brincar com crianças além de divertido faz muito bem à saúde emocional e mental. Utilizar o tempo com elas para contar ou criar estórias, jogar jogos de tabuleiro e de memória com figuras, fazer mímicas de bichos, brincar de casinha, jogar bola, pedir para falarem todas as palavras que se lembram com a letra P (por exemplo), jogar a bola um para o outro tendo que dizer nome de frutas, entre tantas outras atividades que a criatividade sugerir. As crianças são mais “leves” que os adultos, não têm medo de errar, estão sempre ávidas a aprender coisas novas. Netos adoram brincar com os avós e estes devem aproveitar esta oportunidade para estimular o cérebro também.

  1. DIÁRIO.

Fazer um diário com os principais fatos do dia auxilia a firmar os acontecimentos e são uma ferramenta de memorização. Pode ser um caderno ou uma agenda. Escrever sobre o cotidiano, situações vivenciadas ao longo do dia: o resumo de um filme, o placar do jogo que assistiu, uma visita realizada, o livro que está lendo, assuntos conversados com familiares, viagens e passeios. Passado o tempo, podendo ser semanas, meses ou anos, abra-os e leia o que está escrito, esforçando-se para que, com as lembranças, vivencie na memória as experiências vividas. Se possível, cole fotos dos acontecimentos juntos.

  1. VIVER A VIDA.

Isto mesmo. Não deixe a vida passar, aproveite cada instante que puder, ela pode lhe trazer grandes ensinamentos. Como diz Gonzaguinha: “Viver, e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar (…) a beleza de ser um eterno aprendiz”.

A memória só será bem estimulada se tivermos memórias para lembrar!